domingo, 18 de abril de 2010

resistirá a sociologia aos sociólogos?

Há, sem súvida, um problema de auto-estima entre os sociólogos. "Para que serve a sociologia?" é um tema que atrapalha muitos de entre eles, principalmente desde que a "teoria" da empregabilidade começou a ser pressionante. Vão para sociologia sobretudo mulheres que não apreciam particularmente matemática mas também não querem ir para "Letras". Aos sociólogos resta-lhes querem mudar o mundo, de preferência de imediato - assim ao estilo dos chamados "socretinos", mas mais ingénuos. Quando se trata de "mexer" no mundo, porém, demarcam-se dos economistas por serem manipuladores do Estado e das empresas, dos políticos por dependerem da opinião pública, dos psicólogos por tratarem casos pessoais. Fica-lhes o activismo da bondade (nuns casos mais institucional, noutros casos mais contra a pobreza) que podem partilhar uns com os outros, cegos que todos estão à "maldade" e à violência, deixada aos cuidados às forças de segurança (sobre as quais evitam comentários). Os sociólogos especializaram-se em serviços sociais. Ou melhor, em avaliar os serviços sociais prestados pelos outros, como os planeadores, os educadores, o pessoal de saúde, os assistentes sociais, os serviços de reintegração social, os animadores culturais, etc.
Num mundo em rápida transformação, colocam-se duas hipóteses: ou se acredita no valor de (certa) sociologia para ajudar o parto de mundos melhores - e nesse caso há que dar o corpo ao manifesto - ou se reconhecem as limitações de (certa) sociologia - para o que bastará guardar o espaço já conquistado até hoje e resistir aí, conforme se possa.
Por exemplo: pode muito bem a sociologia manter a sua especialização como descobridora e medidora de desigualdades sociais. Mas o que é preciso actualmente é revalorizar a igualdade social como valor, crença e significado capaz de orientar os saberes e as sabedorias. No primeiro caso basta aprender a trabalhar estatísticas. No segundo caso é preciso saber lutar por isso ao lado daqueles que já o fazem, em sociedade.