sábado, 19 de dezembro de 2009

Revolução

Já vários notaram como a actual situação portuguesa reclama uma revolução, como a de 1974. Nas actuais circunstâncias, porém, tal não é possível.
A Grande Revolução foi possível porque foi feita contra Versailles. A Revolução dos Cravos foi feita contra os “orgulhosamente sós”. Hoje não se saberia contra quem fazer a revolução. Isso mesmo o mostraram os jovens dos arredores de Paris e de outras cidades europeias em 2005, e os jovens gregos fez agora um ano. Não se fazem revoluções contra a polícia.
Bruxelas não apenas está longe fisicamente como, de facto, não tem outra existência que não seja a existência virtual. Há quem diga estar a política a ser manipulada pela economia. Mas, de facto, toda a Terra está a ser manipulada por um grupo restrito de famílias cujo perfil sociográfico seria melhor descrito como um directório político global em rede cujas prioridades são a exploração económica do planeta. Quando as coisas são “business as usual” fazem avançar os primazes economistas, com toda a corte de cientistas sociais atrás; quando há crise fazem avançar os políticos, cercados de primazes politólogos e todos cientistas sociais atrás.
As actuais elites descobriram que não precisam de preparar a viagem final para a Lua. Vivem numa aldeia global privilegiada, dispersa pelos melhores e mais bem defendidos lugares do mundo, ligada entre si pela democrática internet, com a única preocupação de poderem ser atingidos seja por desastres ecológicos seja pelas consequências financeiras de algum desastre humanitário.
Como qualquer humano, membros de tais famílias ou seus serviçais podem ser atingidos pessoalmente, mas o sistema é virtual e, por isso, é inatingível. A menos que se acabem os privilégios.