terça-feira, 10 de novembro de 2009

corrupção ou extorsão?

No tempo do Guterres era outra coisa. Não havia escândalos de corrupção todos os dias, ora no CDS/PP, ora no PSD, ora no PS. E tínhamos o Cravinho na Obras Públicas, então sem a mesma compreensão que diz ter hoje do problema da corrupção. Veja-se http://www.ionline.pt/conteudo/17866-escandalos-da-democraciao-general-que-acusou-os-politicos-e-foi-condenado.
Ferraz da Costa, então presidente dos patrões de indústria, dos que vieram do condicionamento industrial para a asfixia democrática, aproveitou para afirmar, historicamente, que os empreiteiros estavam fartos de ter de pagar luvas para poderem trabalhar.
O General Garcia dos Santos, então Presidente da JAE, foi tratado como louco pelo actual campeão oficial da luta contra a corrupção, a Junta foi por ele desmantelada, impossibilitando qualquer investigação (do mesmo modos que a nacionalização do BNP - segundo disse o seu último presidente privado - teve o mesmo efeito). Mais tarde, reorganizada depois do desmantelamento, com o nome de Estradas de Portugal, lá consta da lista de nomes das empresas "corrompidas". Ou melhor, como me explicava um amigo meu, não são as empresas mas os funcionários que são corruptos. As empresas, essas, limitam-se a receber cronicamente gente alegadamente corrupta. Parece que mesmo no topo da administração.
Hoje em dia já ninguém se admira que o primeiro-ministro apareça próximo de todos os casos de corrupção que vêm a público. É a imparável e multifacetada "campanha negra". Mas quando se trata de distinguir o trigo do joio, aí está o Ministério Público a preferir a corrupção à extorsão como móbil do crime.
Claro que a corrupção não explica como um sério banqueiro aceita um suborno de 10 mil miseráveis euros. provavelmente menos do que um mês do seu salário. E a extorsão, essa sim, explicaria bastante bem: é um modo de vida, um vício, como o abuso de crianças: fica-lhes na pele e é compulsivo. E, segundo dizem os informadores dos jornalistas, produz esgares de prazer em quem recebe o dinheiro.
Mas é mais fácil fazer bode expiatório de quem enriqueceu angariando fundos para o polvo, para poder ter trabalho - evidentemente a forma de exploração que os políticos no poder, através dos partidos, encontraram para "dirigir"o país - do que tocar nos interesses instalados. Como o poderia fazer a PGR de outro modo, quando é estatutariamente representante do estado-a-que-as-coisas-chegaram junto do sistema de justiça?
Cabe a palavra aos juizes de instrução independentes e irresponsáveis. Ou será que desta vez vão ser responsáveis?

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