quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Aumento de suicidios nas prisões portuguesas

A droga é um mercado florescente, principalmente nas prisões. A proibição de consumo e comercialização de certos produtos utilizados para modificar o estado mental das pessoas, com o objectivo moralista de censurar criminalmente certos comportamentos e, com eles, as tendências de contra-cultura vitoriosamente emergentes nos anos 60, é um filão para as polícias, as prisões, os terapeutas especializados, os traficantes. Mas é uma desgraça para os dependentes, tornados criminosos e obrigados à clandestinidade, e as suas famílias e amigos, principais vítimas desta política, entre o abandono dos seus doentes e o abandono das suas próprias vidas para tratar da doença, acossados por um mercado de curandeiros em que ninguém se entende e onde todos querem mandar.
A "cura" social engendrada por conspiradores de primeira água, leia-se Michael Woodwiss a esse respeito, tornou-se uma receita universal para dar trabalho às polícias e oportunidade aos políticos proibicionistas para manterem as suas mãos porcas na vida de todos e cada um. O proibicionismo contra a droga é a matriz fundadora das políticas de troca da liberdade individual pela segurança colectiva. Cuja racionalidade é a de meter na prisão quem trafica ou consome drogas ... e, uma vez lá dentro, serem intimados a continuar a consumir e traficar, mas a preços mais caros para uma qualidade pior dos esputefacientes e um risco agravado de sequelas para os consumidores, incluindo a subordinação aos poderes fácticos, degradação da saúde, risco de vida.
São óbvias, e nem sequer são escondidas, as responsabilidades dos funcionários do Estado na manutenção do mercado das drogas nas prisões. Como são óbvias as responsabilidades políticas num estado de coisas putrefacto - biológica e moralmente - em que a maioria se recusa a tocar. Pudicia de merda.

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