segunda-feira, 26 de outubro de 2009

sustentabilidade

O nosso modo de vida é frequentemente associado à crise ecológica. Há quem entenda ser esta mais uma expressão do "reencantamento" da Natureza do que uma avaliação cientificamente fundamentada da nossa condição. Para esses, a tendência para o equilíbrio é uma lei da natureza e as forças da natureza são incomensuráveis face ao menor poderio da humanidade - mesmo apetrechada de ciências e tecnologias. Para os menos ecologistas de entre nós, tudo não passa de modismos, de uma mania. Enfim, uma insegurança ontológica , eventualmente causada pela inusitada ânsia de saber (escola para todos? onde já se viu?) ou pelo impacto das notícias dos lobbys conservacionistas.
Na verdade, os cientistas qualificados estão de forma praticamente unânime de acordo em que o efeito de estufa e o aquecimento global são realidades, embora apenas 50% das informações noticiosas dêem conta de tais posições. Quer dizer: 50% de artigos de jornais (resultado de um estudo nos EUA) reflectem posições ultraminoritárias entre os cientistas, a maior parte das vezes sem fazerem referência a isso mesmo.
O encobrimento da insustentabilidade civilizacional do nosso modo de vida não é menos escandaloso. É impossível exportar para a China, para o Brasil, para a África do Sul e para a Índia os nossos hábitos consumistas, como está a acontecer, por razões energéticas, de arrumação de resíduos e de lixos, para não mencionar os direitos humanos. Porém tal coisa nem sequer é referida nem nos debates políticos - feitos à medida das nações e para consumo interno - nem nos jornais e outros meios de comunicação, a maioria aliados dos políticos neste "esquecimento" organizado. O inverso é propalado, afirmando-se a inevitabilidade daquilo que jamais irá acontecer: a chegada dos povos não ocidentais aos benefícios da vida moderna.
Na verdade, se se acabasse com a pobreza nos países ricos a insustentabilidade ecológica seria já muito mais evidente no quotidiano. Por exemplo, seria ainda mais dificil de esconder das novas gerações que, pela primeira vez em vários séculos, o que as velhas gerações esperam dos seus filhos é que desistam de acreditar nos valores dos seus progenitores? Reformas simpáticas para estes últimos (enquanto houver direitos adquiridos e paraquedas dourados) e seja o que Deus quizer para quem venha a seguir!

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